Adventista
A noite de Natal não é festejada com mesa farta. A data, normalmente, é celebrada com reunião familiar e reservada para momento de reflexão. "Nós não proibimos a ceia", explica Waldir Mandarino, ancião da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
"As pessoas precisam entender que o Natal não se resume a comes e bebes. É uma festa muito importante e os cristãos precisam ter Jesus no coração." Mandarino conta que os adventistas aproveitam a data para anunciar Jesus ao mundo. "É muito importante que Jesus nasça no coração de cada um." Para os frequentadores das igrejas adventistas, o Natal é o momento de encerrar o ano com espírito solidário e fraterno.
Fé Bahá'Í
Não há comemorações nas famílias bahá'ís no dia 25 de dezembro. O equivalente ao Natal da fé bahá'í é lembrado no dia 12 de novembro, data do nascimento de Bahá'u'lláh, o mensageiro e fundador da religião. Nesse dia, os bahá'ís se reúnem e relembram a história e a figura do profeta.
O seguidor da fé bahá'í, Jorge Lacerda, que é professor, explica que o dia 25 de dezembro não está entre os que são sagrados para os bahá'ís. "Mesmo sem comemorações, aceitamos Jesus Cristo como mensageiro de Deus." A comunidade bahá'í soma 6 milhões de adeptos. No Brasil, são 47 mil seguidores que vivem em mais de mil municípios.
Budismo
Assim como islâmicos e bahá'ís, não há comemorações de Natal em famílias budistas, pois não têm contato com a tradição judeu-cristã. O monge Eduardo Ryoho Sasaki explica que um budista pode não celebrar o motivo religioso do Natal, mas isso não exclui estar junto com amigos que comemoram a data à
meia-noite do dia 24. "Não há impedimento de celebrar o espírito natalino de paz universal e fraternidade."
A data mais importante do ano para os budistas, segundo Sasaki, é o ano novo. "Os budistas celebram a passagem efusivamente", destaca. Nos países que adotaram o calendário gregoriano - solar -, os seguidores de Buda comemoram a passagem do ano no dia 31 de dezembro. Nos demais países que seguem o calendário lunar, o ano novo é lembrado em meados de fevereiro.
Os budistas seguem rigorosamente os ritos de passagem de ano. As celebrações começam às 23h30, com a cerimônia do Jobon-E, que consiste em incinerar os espíritos presentes nos oratórios, tabletes memoriais, imagens e estátuas.
Às 23h45, quando os fogos de artifício anunciam a vinda de 2010, as 108 badaladas dos sinos dos templos budistas no Japão ritualizam o ano novo com um sentido mais profundo. Cada badalada permite que os budistas entrar no ano de forma renovada e pura.
A primeira celebração do ano que chega é a cerimônia de Shusho-E, à zero hora. Nesse rito, é celebrada uma missa pela saúde e felicidade dos budistas. Após as comemorações, os seguidores de Buda se reúnem para comer o macarrão da longevidade.
Católicos
A lembrança do nascimento de Jesus, filho único de Deus, na gruta de Belém, é a imagem lembrada pelos católicos no dia de Natal. Apesar de a data não é ser a festa mais importante para fé dos católicos, é aguardada e preparada desde novembro.
O período que antecede o Natal é marcado por orações, penitências e encontros com os irmãos na fé. É durante esse tempo que os católicos realizam a novena do Natal. O arcebispo de Maringá, dom Anuar Battisti, explica que os católicos festejam o Natal por meio da solidariedade, partilha, oração e do encontro com Jesus. "Isso, na verdade, acontece todos os dias porque Natal não se resume ao dia 25 de dezembro. Natal é todo dia."
Dom Anuar afirma que a lembrança que se deve ter de Jesus, no dia de Natal, é de solidariedade. "Nosso Deus é o Deus dos pobres e dos humildes. O poder do Salvador é o poder de quem vem para servir, e não ser servido. Não celebrar o Natal é morrer na raiz da fé."
Espiritismo
Natal quer dizer nascimento, vida e crescimento. Para os espíritas, esta é a data em que se comemora o nascimento do único espírito perfeito que nasceu na Terra, Jesus Cristo. "A melhor forma de se comemorar o Natal é vivenciando os ensinamentos de Jesus no dia-a-dia", considera Ivone Ferioli Csucsuly, presidente da Associação Espírita de Maringá (Amem).
"A data é propícia para reuniões em família e entre amigos, tendo sempre em mente que o aniversariante é Jesus, nosso modelo e guia e, desta forma, não se justificam os exageros." Segundo os espíritas, o Natal não é apenas uma data festiva, é um modo de viver.
"Natal é fraternidade, união, é pura expressão do amor." Os espíritas comemoram o Natal de Jesus, como uma oportunidade de fazer algo a alguém, pois a verdadeira comemoração do Natal é a vivência de seus ensinos, no dia-a-dia. "Comemoraremos os Natal de tal forma que, se o aniversariante bater em nossa porta, no momento da comemoração, possamos abri-la sem constrangimento", completa Ivone.
Islamismo
Os muçulmanos não festejam o Natal, mas parabenizam os cristãos pelo nascimento de Jesus e esperam que a ocasião não passe em branco. "Queremos que as pessoas vivenciem Jesus nas suas vidas", diz o xeique Abdelbagi Osman - ou Abdul - diretor executivo do Instituto Latino-Americano de Estudos Islâmicos e membro da diretoria da Sociedade Beneficente Muçulmana de Maringá.
A religião islâmica tem Jesus como um dos cinco principais profetas, ao lado de Noé, Abraão, Moisés e Mohamad, este, a principal figura do islamismo. No Corão, livro sagrado dos muçulmanos, Jesus é citado 25 vezes; é o profeta com maior número de citações. Apesar de o Corão só citar 25 profetas, os muçulmanos dizem que este número é bem maior: seriam 124 mil profetas e 314 mensageiros.
O xeique Adbul conta que o fato mais importante na vida de Jesus não é o nascimento, mas o exemplo que deixou para a humanidade: as obras que fez e as lições de ética e moral. "Nós, muçulmanos, recordamos, no dia 25, as boas ações que ele fez, o amor ao próximo, a caridade e os princípios morais trazidos por ele", explica. Para o xeique, as pessoas devem comemorar o dia de Natal não só com a mesa farta, mas também lembrar das pessoas pobres que são privadas de comer e beber o ano todo já que a caridade é um princípio importante dentro do cristianismo e do islamismo.