segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Igreja evangélica perde força e reduz bancadas

Igreja evangélica perde força e reduz bancadas

Excesso de candidatos prejudicou deputados

por KÁTIA CHAGAS

As igrejas evangélicas saíram enfraquecidas das eleições no Paraná e perderam representantes na Assembléia Legislativa e na Câmara Federal. Além de não conseguir reeleger a grande maioria dos atuais deputados, não emplacaram novas lideranças. Apostando na força dos evangélicos e no crescimento do segmento no estado, as igrejas lançaram muitos candidatos, mas acabaram dividindo votos e deixando todos de fora. Na avaliação dos próprios deputados, o desgaste de metade da bancada evangélica no Congresso Nacional também pesou no resultado.

As principais apostas não se elegeram. O evangelista Vanderlei Iensen (PMDB), ex-secretário de governo de Roberto Requião (PMDB), não conseguiu garantir mais quatro anos de mandato porque dividiu votos com a cantora gospel Mara Lima (PSC). Os dois são da Igreja Assembléia de Deus e fizeram parte da mesma coligação. Iensen fez 29.949 votos e Mara Lima, 35.380 votos, mas apesar da boa votação não foram eleitos. Na eleição passada, Iensen entrou com 44.179 votos e estava no PDT.

Na Igreja do Evangelho Quadrangular ocorreu situação semelhante. O deputado estadual Ailton Araújo (PPS) fez 21.538 mil votos e não se reelegeu. Se o pastor tivesse somado sua votação à do outro candidato da igreja, o suplente de deputado estadual, Fernando Guimarães (PMDB), que fez 9.204 votos, teria garantido sua vaga. “Mas fizeram terrorismo em cima dos pastores e o poder econômico falou mais alto”, disse.

Outro problema, segundo Ailton Araújo, foram as denúncias de envolvimento de evangélicos em escândalos nacionais, como na máfia dos sanguessugas.

Dos 72 parlamentares denunciados pela CPI da máfia das ambulâncias, quase 40% (28) se intitulam deputados evangélicos. Para Ailton Araújo, a mídia nacional usou a denúncia para desacreditar o segmento. “Bateram só no número de pastores envolvidos, mas não diziam quantos católicos, espíritas ou ateus também participaram. Essa questão pegou muito forte dentro da própria igreja”, disse o deputado.

Da atual bancada estadual, o pastor da Igreja Universal do Reino de Deus Edson Praczyk (PRB) foi um dos poucos eleitos. Único representante do partido na Assembléia Legislativa, garantiu a reeleição com 35.725 votos. Artagão de Mattos Leão (PMDB), que é da Igreja Adventista do Sétimo Dia, também conseguiu a reeleição, mas não obteve seus 74.783 votos contando com o apoio da igreja. Com a ajuda do governo do estado, que liberou recursos e obras, fez um trabalho político abrindo bases eleitorais nos municípios e parcerias com prefeitos.

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