quarta-feira, 20 de maio de 2009

Delegada traça perfil de Osvaldo como pedófilo

Alex RégisDe acordo com depoimentos, Osvaldo Pereira Aguiar ostentava um comportamento de evangélico
20/05/2009 - Tribuna do Norte

David Freire - Repórter

"As provas e depoimentos colhidos até o momento nos levam a traçar o perfil de Osvaldo como um pedófilo".  A afirmação da delegada Adriana Shirley Caldas se refere ao ambulante Osvaldo Pereira Aguiar, principal suspeito do assassinato e esquartejamento da estudante Maisla Mariano dos Santos, 11.

A titular da Delegacia Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente (DCA) – e responsável pelo inquérito da morte de Maisla – disse que os depoimentos colhidos e as provas obtidas até o momento da investigação foram ricas e permitem traçar este perfil do suspeito. Todo este material está contido no Inquérito Policial nº 033/2009-DCA.

Informações de frequentadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia – onde o suspeito congregava assim como a estudante – e de pessoas que trabalhavam perto da loja pertencente a Osvaldo onde comercializava roupas femininas para crianças e brinquedos depõem contra ele.

De acordo com a delegada, baseada nos depoimentos, frequentemente Osvaldo importunava sexualmente crianças, em especial meninas, com idade inferior a 12 anos. "Em troca do favor sexual, ele oferecia brinquedos e roupas", informou. "Isso era uma prática reiterada", completou Adriana Shirley.

Entretanto, o suspeito "se mostrava dissimulado". "Ele ostentava um comportamento de evangélico (por frequentar a Igreja Adventista), mas na verdade atraía garotas", comentou.

A delegada pretendia ouvir – pela segunda vez – o depoimento do principal suspeito do crime, que está detido desde a sexta-feira na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. A intenção era confrontar as declarações do suspeito com as provas obtidas no decorrer da investigação iniciada na semana passada.

Ela lembra que, no primeiro depoimento, ouviu mais o suspeito falar de sua vida pregressa em outros Estados do país onde responde a processos na Justiça. No primeiro contato com o suspeito, ela disse que "ele não se mostrava abalado" por ser apontado como principal suspeito de um crime tão bárbaro.

Adriana Shirley informou que tem prazo até o dia 12 de junho para fechar a investigação. Mas caso necessite de mais tempo, pode solicitar dilação de prazo à Justiça.

Exames serão entregues em 15 dias úteis

Além dos depoimentos, a delegada Adriana Shirley aguarda a conclusão dos laudos por parte do Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep). "Acredito que em 15 dias úteis devo receber tudo", concluiu.

Ela informou que aguarda a perícia no carro do suspeito, nas roupas, na casa, nos dois terrenos onde foram encontradas as partes do corpo da garota, compatibilidade do DNA do suspeito e da vítima e a necropsia no corpo da estudante.

Segundo a delegada, este último exame é que vai apontar a causa da morte de Maisla Mariano. Em sua opinião, Adriana Shirley disse que "a causa da morte da menina seria por esfaqueamento" por conta da quantidade de facadas encontradas no corpo da estudante. "Mas sou leiga nesse assunto e é melhor aguardar os laudos para ter uma certeza disso", argumentou.

Ainda no exame da necropsia, pode ser detectado se houve ou não violência sexual contra a estudante por meio da conjunção carnal. "Também podem saber se há vestígio de esperma ou se foi praticado algum ato libidinoso diverso", acrescentou Shirley.

Equipes da DCA e do Núcleo de Inteligência, coordenados pelo delegado Raimundo Rolim, fizeram – e continuam fazendo – buscas minuciosas em locais daquela região onde aconteceu o desaparecimento, morte e foram encontradas as partes do corpo de Maisla Mariano.

Questionada se acredita que mais de uma pessoa participou do assassinato de Maisla, a delegada não descarta esta possibilidade "apesar que os autos (da investigação) digam que não".

Jovem diz ter um filho com o acusado

No sábado passado, a delegada Adriana Shirley ouviu o depoimento de uma garota – que disse ter 19 anos, mas não apresentou documentação – afirmando ter mantido um relacionamento com o ambulante Osvaldo Aguiar há alguns anos. Ela contou à delegada que conheceu Osvaldo quando tinha 14 anos e ele trabalhava no calçadão da praia de Ponta Negra. "Segundo ela, se conheceram e depois começaram o relacionamento", disse Adriana Shirley.

Ainda no depoimento, que estava previsto para acontecer na sexta-feira, a garota contou que do relacionamento com o suspeito teve um filho, cuja idade não foi informada pela delegada. "Ela alega ter sido molestada sexualmente por ele", declarou. A titular da DCA afirmou que "um inquérito policial será instaurado para apurar essa situação narrada pela garota".

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